quinta-feira, 4 de junho de 2009

INCLUSÃO...O QUE É ?

Quando entendermos a inclusão seremos capazes de contribuir para uma transformação social, que trate efetivamente a todos dentro dos princípios da igualdade, da solidariedade e da convivência respeitosa entre os indivíduos. Acreditar no processo de inclusão é viabilizar a possibilidade de se buscar alternativas de permanência do aluno na escola, respeitando seu ritmo de aprendizagem E elevando sua auto-estima. É reconhecer que somos diferentes, mas que devemos ter as mesmas oportunidades de acesso a uma vida melhor. É permitir que cada indivíduo possa entender como se dão as relações de poder na sociedade e possam exercer seu papel de cidadãos.Nossas crianças agradecem!
Regina Bizzo - Sala de recurso

POSTURA DO EDUCADOR NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

A educação inclusiva exige do professor uma mudança de postura, no sentido de redefinir seu papel, que é fundamental no desenvolvimento de seu aluno.O educador deve aprender a respeitar o seu aluno, seus interesses e desenvolver suas atividades a partir disto; ouvindo, formulando desafios e situações novas, acompanhando seu processo de desenvolvimento, não direcionando aos seus interesses (o adulto)." Devem ser oferecidos aos alunos oportunidades diárias para pensar, refletir e evoluir em direção ao pensamento lógico." (Ferreira.1993)O fazer intervenção em crianças com necessidades educacionais especiais tem se mostrado efetivo demonstrando que aquilo que uma criança pode fazer com assistência hoje poderá realizá-lo sozinha amanhã.A educação inclusiva envolve um processo de preparação do professor que considera as diferenças e as dificuldades dos alunos na aprendizagem escolar como fontes de conhecimento sobre como ensinar e como aperfeiçoar as condições de trabalho nas salas de aula.Podemos observar que a inclusão instiga sentimentos diferentes num mesmo sujeito. Destacando, mais uma vez, a palavra MEDO que ecoa como um sinal de despreparo e de falta de...









INCLUSÃO DEVE SER BEM:




bem pensada




desafiadora




é necessária




ter aceitação




coragem




preparo




planejamento




segurança




critérios




conscientização




ser gradativa




ser importante




haver trocas
O QUE DEVEMOS OBSERVAR EM ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS:




distração




apatia




foge de um padrão




extremamente carinhoso




agressivo




esforçado




dependente
A INCLUSÃO SOCIAL EXIGE:




Planejamento




Preparo




Critérios




Formação




Segurança




Condições




Desafios
JOGOS USADOS NA SALINHA DE RECURSOS- BLOQUINHOS PEDAGÓGICOS




Fazendinha: é um jogo fácil,divertido que estimula a criatividade e desenvolve a coordenação motora da criança.




Contas: um jogo de quebra- cabeças em que se faz pequenos cálculos de adição e subtração.




Dominó(contas): este jogo tem como objetivo desenvolver a atenção, pensamento lógico, percepção visual, além de desenvolver habilidades de matemática.




Googlie : leia e descubra a surpresa ! Estes livros tem como objetivo promover a coordenação motora e incentivar a interação com outras crianças e com os paise pais.
























Forma palavras: desenvolver a linguagem verbal e oral da criança, introduzindo-a ao convívio social, estabelecendo a dscriminação de valores, julgamento, comunicação, convívio e cooperação.




Acerte o encaixe: são blocos coloridos que a criança irá encaixar nos lugares.




Divisão e multiplicação: é um divertido bingo que auxilia o aprendizado das operações matemáticas de divisão e multiplicação.Instruções: cada jogador escolhe uma cartela. Um dos jogadores sortearão as fichinhas que deverão ser colocadas dentro do saco plástico. Cada fichinha corresponde ao resultado e à cor das operações de divisão ou multiplicação das cartelas.Ganha quem completar a cartela primeiro.









PARA PENSAR






LIÇÃO DOS GANSOS

" Quando um ganso bate as asas, cria um vácuo para o pássaro seguinte. Voando numa formação em V, o bando inteiro tem o seu desempenho 71% melhor do que se a ave voasse sozinha"
Lição: Pessoas que compartilham uma direção comum e senso de comunidade, podem atingir seus objetivos mais rápie facilmente.
( Autor desconhecido)










Imagens retiradas do slide"Mensageiros da paz"
















ABRACE ESSA IDEIA





"DEIXAI CADA UM TORNAR-SE TUDO O QUE FOR CAPAZ DE SER, EXPANDIR, SE POSSÍVEL, ATÉ SEU PLENO FLORESCIMENTO; SUPORTAR TODAS AS LIMITAÇÕES, REJEITAR TUDO O QUE FOR ESTRANHO, ESPECIALMENTE ASPECTOS NOCIVOS; E MOSTRAR-SE EM TODA GRANDEZA DE SUA DIMENSÃO E ESTATURA, SER AQUILO QUE POSSA".





THOMAS CARLYLE,1827










APAE- MACAÉ





RUA MANOEL GUILHERME TABOADA, 58





CENTRO-MACAÉ-FJ





CEP.: 27910-070 - TEL:(22)2772-4176




















Inclusão e Integração: Cidadania, Relação e Segregação.
Um olhar crítico sobre direitos e preconceitos
*José Raimundo Facion e ' Evie de França Giannini





Para analisar os objetivos, aspectos e conseqüências da inclusão de crianças com necessidades educacionais especiais, é preciso, antes, discutir e compreender a conquista dos direitos humanos, em contraponto à existência e persistência de diferenças e preconceitos, o que incita-nos, forçosamente, a analisar a história: evolução, mudanças e transformações sociais que, de uma forma ou de outra, propiciaram a necessidade da implementação da inclusão na atualidade.
Em 1948 foi aprovada a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Um marco histórico a qualquer cidadão, pois que decreta, indica e orienta a premissa de que todos os homens são iguais perante a lei. Hoje, constitui ideário inegável e amplamente difundido, tanto que crer nesta igualdade parece-nos quase tão óbvio quanto crer nas leis naturais. Entretanto, conforme Kluckhohn & Murray (1948) perspicazmente sugerem: “Todo homem é, em alguns aspectos, (a) como todos os outros homens, (b) como alguns outros homens e (c) como nenhum outro homem”. Assim, ao mesmo tempo em que cada homem é igual ao outro sob a ótica biológica enquanto “espécie” ou legal enquanto “pessoa”, e que ainda, sob a ótica social, podem os homens ser reunidos em grupos ao confluir semelhanças, a psicologia traz o conceito de “sujeito”, “indivíduo” onde enfatiza que nenhum é igual ao outro, sob nenhum aspecto, tanto orgânico quanto psíquico; físico ou cognitivo; a educação contribuiria ao entendimento de que cada homem, sendo único, exige um processo de aprendizagem específico de forma a respeitar e coadunar processos idiossincrásicos.
Inegável é que a espécie humana seja dotada de incríveis talentos, capacidades surpreendentes, como Hamlet, de Shakespeare, apaixonadamente exclama: “Que bom trabalho é o homem! Quão nobre raciocínio! Quão infinito nas faculdades! Em forma e movimento, quão expressivo e admirável! Em ação, como parece um anjo! Em apreensão como parece um deus! A beleza do mundo! A perfeição dos animais!“ (Hamlet, Ato II, cena ii). Porém, a capacidade humana além de vasta, apresenta-se não em graus diferentes em cada homem, mas sim através de expressões singulares, pois que todo, todo e qualquer ser humano é capaz de produzir, e imperioso é que nunca se olvide: o produz, não um mais e outro menos, e sim cada um de forma diferenciada porque cada homem é, fundamentalmente, diferente, onde cada diferença marca uma individualidade, uma subjetividade, peculiaridade única, ímpar; por isso todo ser traduz uma natureza rica, multifacetada, ilimitada, de forma pessoal. O que a Declaração Universal veio instaurar foi a igualdade de direitos e deveres e não de personalidades ou características.
Todavia, a riqueza das peculiaridades, as subjetividades de produção e as singularidades de expressão das capacidades, impelem a uma estranheza na relação quando há inabilidade na compreensão das diferenças. Ou seja, nem sempre o homem consegue ser diferente; seja em sexo, raça, cultura, crenças e ainda, em aspectos físicos, como portadores de “deficiências físicas” ou aspectos cognitivos, como “portadores de transtornos mentais” (termos atualmente substituídos pela generalização “portadores de necessidades educativas especiais”, onde subentende-se suas especificidades) . A história tem nos mostrado que em nossa sociedade, o diferente, por não ser conhecido, é, muitas vezes, intolerado, inaceitável e não passível de convivência, gerando a estranheza de relação que infringe espaços e encrosta preceitos equivocados, os ditos preconceitos. Preconceito seria, então, sob certo aspecto, essa inabilidade da relação entre os diferentes;
inabilidade que, seguida de carga afetiva negativa, ainda potencializa as diferenças de forma pejorativa, pois que gera ações e tratamentos diferenciados, segregacionistas, excludentes, impelindo o diferente ao abandono, ao encarceramento e até ao extermínio. A Declaração Universal dos Direitos Humanos soergue algum lenitivo para aplacar esta inabilidade.Historicamente, esta Declaração Universal foi decisivo, mas não o primeiro passo em prol da convivência pacífica e construtiva entre os distintos. Em relação às diferenças cognitivas, a partir da época da Revolução Francesa, observou-se uma série de personagens (Pestalozzi em 1777-1778, Philippe Pinel em 1792, Itard em 1798, etc.) que passaram a defender, mais enfaticamente, as pessoas portadoras de necessidades especiais como dotadas de direitos e deveres a serem garantidos e preservados. Enquanto Pinel defendia que os doentes mentais deveriam ser tratados como seres humanos doentes, e dignos, ao invés de considerados como animais, pois no fundo, eram pessoas como outras quaisquer, Pestalozzi dava importantes e exemplares impulsos social-pedagógicos interessando-se pelo atendimento e educação às crianças esquecidas das classes de baixa renda (Facion, 1998). Durante mais de 200 anos foi criada, em todo o mundo, uma quantidade significativa de instituições de saúde mental e de educação especial com o objetivo de poder oferecer a esta população específica um atendimento mais adequado e mais humanizado; no entanto, só na década de 50 observa-se em alguns países­­­­­­­­­­­­­­­­­­­ um real reconhecimento do valor humano e os direitos legítimos destes indivíduos. No Brasil surge em 1952, na cidade do Rio de Janeiro, o primeiro movimento para a criação da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) que buscava defender os direitos das pessoas portadoras de necessidades especiais (mais especificamente os portadores de Deficiência Mental) e oferecer-lhes uma educação especial. Com o avanço das aquisições de novos conhecimentos no que concerne à saúde mental e processos de aprendizagem – em ênfase as infância e adolescência – observou-se uma lacuna em todo este processo de aprendizagem e adaptação social desta população mencionada, ao meio ambiente natural e ao constituído pela sociedade. Ainda que estas pessoas possam receber um atendimento psicopedagógico especial, que busca responder às suas necessidades específicas (deficiência visual, deficiência mental, transtornos invasivos do desenvolvimento, etc.) e a “protegê-las”, elas acabavam e continuavam pertencendo a um grupo de pessoas discriminadas e segregadas, seja porque confinadas em abrigos, asilos e instituições específicas ou, ainda, induzidas a uma experienciação limitada e limitante em círculo constituído unicamente de pessoas outras portadoras do mesmo transtorno. Assim, havia a predominância do tratamento tutelar, impondo a estes indivíduos um significativo limite de liberdade de ir e vir, escolher ou decidir; enfim, gerando uma proteção que não liberta, mas cerceia e impede. Foi a partir da década de 70 que se intensificaram as discussões em prol de nova mudança e, a partir da década de 80, que se iniciaram vários experimentos mais sistematizados com o objetivo de integrar estas pessoas portadoras de necessidades especiais no sistema da escola regular. A década de 90 foi crucial na expansão das discussões, no avanço da sistematização dos experimentos – inclusive com pessoas portadoras de necessidades especiais mais comprometidas – e na busca de alternativas mais eficazes para atingir os objetivos propostos. Dois eventos e documentos mundialmente significativos lançaram bases para mudanças profundas: um em 1990, A “Conferência Mundial sobre Educação para Todos – provendo serviços às necessidades básicas de educação”, em Jomtiem, Tailândia e outro em 1994, a “Conferência Mundial sobre Educação Especial – acesso e qualidade”, em Salamanca, Espanha. Enquanto que na década de 80 se discutia sobre a integração de crianças especiais e, para isto, criavam-se salas especiais - que apesar das dignas intenções, segregavam - em poucas escolas regulares, na década de 90, já se iniciavam uma série de experimentos e uma grande discussão sobre a inserção destas crianças dentro de salas regulares sem necessitar da criação de salas especiais. Este processo culmina, no final da década de 90 com o início do abandono do uso da terminologia “integração” avançando para a discussão sobre a “inclusão”. Como ressalta Pereira dos Santos (2001), tais mudanças só encontraram terreno fértil com o avanço científico cuja produção e disseminação do conhecimento, em confluência com a velocidade da circulação de informação, possibilitaram a desmistificação de preconceitos, o questionamento da estrutura da sociedade e a busca de um mundo mais democrático. A ressonância destas transformações gerou conseqüências inevitáveis à educação especial. A inclusão, desta forma, visaria a um amortecimento das diferenças trazendo certo cunho prático para a lida com estas diferenças não só no âmbito cognitivo, mas, sobretudo, social, pois que ressalva as capacidades subjetivas e a produção pessoal - absolutamente não-nula porque rica - dos portadores de necessidades educacionais especiais.Mas a quem importaria a inclusão? Às pessoas com necessidades educacionais especiais porque é uma forma de viabilizar a expressão de suas capacidades, tornando-as legíveis pois que legítima, inspirando-as emergir seus potenciais possibilitando-lhes a conversão em ação e linguagem, ou seja, em relação social. E ao homem comum, tantas vezes classificado como “normal” – diga-se: uma premissa estatística – pois que se a inclusão insta a relação, abarcando, com isso, toda e qualquer relação interpessoal, este “homem normal” conheceria e, convivendo mais intensificadamente com uma pessoa com necessidades educacionais especiais, compreenderia as diferenças e subjetividades, persuandindo-o a uma crítica mais profunda e verdadeira, portanto indelével, acerca da irracionalidade e falácia de seus próprios preconceitos, atenuando em si, e quiçá extirpando, aquela inabilidade decorrente da estranheza pelo diferente. O homem destituído de preconceitos e cônscio da multiplicidade da condição humana reconhece e corrobora, num futuro, as contribuições daquelas “pessoas diferentes”, e de sua própria, rumo à busca de formas outras para a adaptação tanto dos portadores de necessidades educacionais especiais à sociedade, quanto a sociedade a estas pessoas. Desta forma, a inclusão não só infunde e propicia, mas também fundamenta, elabora e assegura relações. Portanto, pode-se afirmar, sem refutações, que a inclusão avançaria muito além dos muros da escola já que alcançaria terrenos da sociedade. A inclusão é um ato democrático, de cidadania porque atinge a todos e mais, deflagra uma urgência na modificação de nós mesmos para a aceitação do portador de necessidades educacionais especiais não como ser limitado, mas como pessoa produtiva, propelindo-nos a compreensão plena de sua afetividade e desejos, admitindo sua capacidade intelectual e incitando-nos a trazê-lo ao convívio social, já que detentor de opinião e vontades, nos lares, nas escolas, áreas de lazer, núcleos religiosos, centros de pesquisa, empresas e etc. Atualmente, não se pode falar mais em desenvolvimento de sociedade sem falar do desenvolvimento de seus cidadãos e sendo o portador de necessidades educacionais especiais um cidadão, não se pode deixar de falar em inclusão já que, essencialmente, esta se remete e coaduna-se à Declaração Universal dos Direitos Humanos.Enfim, este indivíduo não é especial, não é excepcional, não é deficiente. É pessoa tanto quanto a qualquer um de nós; é complexo, precioso. Que ama e quer ser amado. Sente prazer. Que erra e constrói. Que chora, sente raiva e felicidade. Que quer fazer parte, pois é parte da sociedade, mas que precisa deixar de ser segregado em partes da sociedade. É membro de um todo e este todo precisa aceitá-lo como parte indispensável do todo. Sendo assim, a inclusão pode ser um prolífero caminho...
*Psicólogo, Doutor em Medicina pelo departamento de Psiquiatria Infantil e Pós-Doutorado no Departamento de Neuropediatria da Universidade de Münster – Alemanha. Professor Convidado da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ e Prof. Titular da Universidade do Contestado, Campus Caçador-SC. 'Bolsista Voluntária de Iniciação Científica, graduanda em Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ.





REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BUENO, J.G.S. – A Inclusão de Alunos Deficientes nas Classes Comuns do Ensino Regular. Temas sobre Desenvolvimento, v.9, n.54, p.21-7, 2001. FACION, J. R. – Distúrbios Psiquiátricos e Neurológicos, em: FOURNIOL, A . Filho. Pacientes Especiais e a Odontologia, Livraria Santos Editora Ltda, São Paulo, 1998, Cap. VII, Pág. 295-336. GLAT, Rosana; FREITAS, Rute Cândida de. Sexualidade e Deficiência Mental: Pesquisando, Refletindo e Debatendo sobre o Tema 1.a Edição - Volume II. Rio de Janeiro: Editora Sette Letras, 1996. KLUCKHOHN, C. & MURRAY H. Personality Formation: The Determinants. In C. Kluckhohn & H. Murray (Eds.), Personality in Nature, Society and Culture. New York: Knopf, 1948. PEREIRA dos SANTOS, Mônica. A Inclusão da Criança com Necessidades Educacionais Especiais. 2001Disponível na Internet. http://www.regra.com.br/educação/ainclusãodacriança





ATIVIDADES DESENVOLVIDAS COM ALUNOS NA SALA DE RECURSO

















ALGUMAS PERGUNTAS SOBRE...
''Inclusão é o privilégio de conviver com as diferenças''
Para a educadora, Maria Teresa Eglér Mantoan na escola inclusiva professores e alunos aprendem uma lição que a vida dificilmente ensina: respeitar as diferenças. Esse é o primeiro passo para construir uma sociedade mais justa .Uma das maiores defensoras da educação inclusiva no Brasil, Maria Teresa Mantoan é crítica convicta das chamadas escolas especiais. Ironicamente, ela iniciou sua carreira como professora de educação especial e, como muitos, não achava possível educar alunos com deficiência em uma turma regular. A educadora mudou de idéia em 1989, durante uma viagem a Portugal. Lá, viu pela primeira vez uma experiência em inclusão bem-sucedida. "Passei o dia com um grupo de crianças que tinha um enorme carinho por um colega sem braços nem pernas", conta. No fim da aula, a professora da turma perguntou se Maria Teresa preferia que os alunos cantassem ou dançassem para agradecer a visita. Ela escolheu a segunda opção. "Na hora percebi a mancada. Como aquele menino dançaria?" Para sua surpresa, um dos garotos pegou o colega no colo e os outros ajudaram a amarrá-lo ao seu corpo. "E ele, então, dançou para mim." Na volta ao Brasil, Maria Teresa — que desde 1988 é professora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas — deixou de se concentrar nas deficiências para ser uma estudiosa das diferenças. Com seus alunos, fundou o Laboratório de Estudos e Pesquisas em Ensino e Diversidade. Para ela, uma sociedade justa e que dê oportunidade para todos, sem qualquer tipo de discriminação, começa na escola.
O que é inclusão?
É a nossa capacidade de entender e reconhecer o outro e, assim, ter o privilégio de conviver e compartilhar com pessoas diferentes de nós. A educação inclusiva acolhe todas as pessoas, sem exceção. É para o estudante com deficiência física, para os que têm comprometimento mental, para os superdotados, para todas as minorias e para a criança que é discriminada por qualquer outro motivo. Costumo dizer que estar junto é se aglomerar no cinema, no ônibus e até na sala de aula com pessoas que não conhecemos. Já inclusão é estar com, é interagir com o outro.
Que benefícios a inclusão traz a alunos e professores?
A escola tem que ser o reflexo da vida do lado de fora. O grande ganho, para todos, é viver a experiência da diferença. Se os estudantes não passam por isso na infância, mais tarde terão muita dificuldade de vencer os preconceitos. A inclusão possibilita aos que são discriminados pela deficiência, pela classe social ou pela cor que, por direito, ocupem o seu espaço na sociedade. Se isso não ocorrer, essas pessoas serão sempre dependentes e terão uma vida cidadã pela metade. Você não pode ter um lugar no mundo sem considerar o do outro, valorizando o que ele é e o que ele pode ser. Além disso, para nós, professores, o maior ganho está em garantir a todos o direito à educação.
O que faz uma escola ser inclusiva?
Em primeiro lugar, um bom projeto pedagógico, que começa pela reflexão. Diferentemente do que muitos possam pensar, inclusão é mais do que ter rampas e banheiros adaptados. A equipe da escola inclusiva deve discutir o motivo de tanta repetência e indisciplina, de os professores não darem conta do recado e de os pais não participarem. Um bom projeto valoriza a cultura, a história e as experiências anteriores da turma. As práticas pedagógicas também precisam ser revistas. Como as atividades são selecionadas e planejadas para que todos aprendam? Atualmente, muitas escolas diversificam o programa, mas esperam que no fim das contas todos tenham os mesmos resultados. Os alunos precisam de liberdade para aprender do seu modo, de acordo com as suas condições. E isso vale para os estudantes com deficiência ou não.
Como está a inclusão no Brasil hoje?
Estamos caminhando devagar. O maior problema é que as redes de ensino e as escolas não cumprem a lei. A nossa Constituição garante desde 1988 o acesso de todos ao Ensino Fundamental, sendo que alunos com necessidades especiais devem receber atendimento especializado — preferencialmente na escola —, que não substitui o ensino regular. Há outra questão, um movimento de resistência que tenta impedir a inclusão de caminhar: a força corporativa de instituições especializadas, principalmente em deficiência mental. Muita gente continua acreditando que o melhor é excluir, manter as crianças em escolas especiais, que dão ensino adaptado. Mas já avançamos. Hoje todo mundo sabe que elas têm o direito de ir para a escola regular. Estamos num processo de conscientização.
A escola precisa se adaptar para a inclusão?
Além de fazer adaptações físicas, a escola precisa oferecer atendimento educacional especializado paralelamente às aulas regulares, de preferência no mesmo local. Assim, uma criança cega, por exemplo, assiste às aulas com os colegas que enxergam e, no contraturno, treina mobilidade, locomoção, uso da linguagem braile e de instrumentos como o soroban, para fazer contas. Tudo isso ajuda na sua integração dentro e fora da escola.
Como garantir atendimento especializado se a escola não oferece condições?
A escola pública que não recebe apoio pedagógico ou verba tem como opção fazer parcerias com entidades de educação especial, disponíveis na maioria das redes. Enquanto isso, a direção tem que continuar exigindo dos dirigentes o apoio previsto em lei. Na particular, o serviço especializado também pode vir por meio de parcerias — e deve ser oferecido sem ônus para os pais. Estudantes com deficiência mental severa podem estudar em uma classe regular?
Sem dúvida. A inclusão não admite qualquer tipo de discriminação, e os mais excluídos sempre são os que têm deficiências graves. No Canadá, vi um garoto que ia de maca para a escola e, apesar do raciocínio comprometido, era respeitado pelos colegas, integrado à turma e participativo. Há casos, no entanto, em que a criança não consegue interagir porque está em surto e precisa ser tratada. Para que o professor saiba o momento adequado de encaminhá-la a um tratamento, é importante manter vínculos com os atendimentos clínico e especializado.
A avaliação de alunos com deficiência mental deve ser diferenciada?
Não. Uma boa avaliação é aquela planejada para todos, em que o aluno aprende a analisar a sua produção de forma crítica e autônoma. Ele deve dizer o que aprendeu, o que acha interessante estudar e como o conhecimento adquirido modifica a sua vida. Avaliar estudantes emancipados é, por exemplo, pedir para que eles próprios inventem uma prova. Assim, mostram o quanto assimilaram um conteúdo. Aplicar testes com consulta também é muito mais produtivo do que cobrar decoreba. A função da avaliação não é medir se a criança chegou a um determinado ponto, mas se ela cresceu. Esse mérito vem do esforço pessoal para vencer as suas limitações, e não da comparação com os demais.
Um professor sem capacitação pode ensinar alunos com deficiência ?Sim. O papel do professor é ser regente de classe, e não especialista em deficiência. Essa responsabilidade é da equipe de atendimento especializado. Não pode haver confusão. Uma criança surda, por exemplo, aprende com o especialista libras (língua brasileira de sinais) e leitura labial. Para ser alfabetizada em língua portuguesa para surdos, conhecida como L2, a criança é atendida por um professor de língua portuguesa capacitado para isso. A função do regente é trabalhar os conteúdos, mas as parcerias entre os profissionais são muito produtivas. Se na turma há uma criança surda e o professor regente vai dar uma aula sobre o Egito, o especialista mostra à criança com antecedência fotos, gravuras e vídeos sobre o assunto. O professor de L2 dá o significado de novos vocábulos, como pirâmide e faraó. Na hora da aula, o material de apoio visual, textos e leitura labial facilitam a compreensão do conteúdo.
Como ensinar cegos e surdos sem dominar o braile e a língua de sinais?
É até positivo que o professor de uma criança surda não saiba libras, porque ela tem que entender a língua portuguesa escrita. Ter noções de libras facilita a comunicação, mas não é essencial para a aula. No caso de ter um cego na turma, o professor não precisa dominar o braile, porque quem escreve é o aluno. Ele pode até aprender, se achar que precisa para corrigir textos, mas há a opção de pedir ajuda ao especialista. Só não acho necessário ensinar libras e braile na formação inicial do docente.
O professor pode se recusar a lecionar para turmas inclusivas?
Não, mesmo que a escola não ofereça estrutura. As redes de ensino não estão dando às escolas e aos professores o que é necessário para um bom trabalho. Muitos evitam reclamar por medo de perder o emprego ou de sofrer perseguição. Mas eles têm que recorrer à ajuda que está disponível, o sindicato, por exemplo, onde legalmente expõem como estão sendo prejudicados profissionalmente. Os pais e os líderes comunitários também podem promover um diálogo com as redes, fazendo pressão para o cumprimento da lei.
Há fiscalização para garantir que as escolas sejam inclusivas?
O Ministério Público fiscaliza, geralmente com base em denúncias, para garantir o cumprimento da lei. O Ministério da Educação, por meio da Secretaria de Educação Especial, atualmente não tem como preocupação punir, mas levar as escolas a entender o seu papel e a lei e a agir para colocar tudo isso em prática.
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